quinta-feira, 9 de abril de 2015

RENATA SODRÉ COSTA LEITE | Uma conversa com Floriano Martins


RSCL | Eu queria saber como começou esta sua conexão com a escrita e com a arte. Não de influências, leituras e tal, mas em que momento você escreveu o seu primeiro texto e para que foi. Você pensava em viver de arte?

FM | Eu sempre pensei em viver como algo incondicional. A ideia de viver de algo jamais me atraiu. Acho que qualquer tipo de sucesso na vida de um criador é uma consequência normal, embora não seja exatamente indispensável. O que não se pode ter, mesmo, é o sucesso como meta, como razão de ser daquilo que se faz. Eu fui copista, antes de ser criador. Copiava com guache capas de livros do José de Alencar em papel cartão, e copiava breves relatos eróticos. Neste caso eu copiava da transbordante e luxuriosa imaginação da adolescência.

RSCL | Quantos anos neste momento?

FM | Não tenho bem certeza, mas imagino que algo em torno de uns 14 anos. Meus pais haviam mudado de casa. Saímos do centro da cidade para um bairro típico de classe média ascendente. Isto mudou a minha convivência e certamente dessa mudança vieram as primeiras tentações da criação.

RSCL | Com 14 anos você já sentia o ímpeto criador? Isso estava claro na época?

FM | Quando morávamos no centro, na casa de meus pais havia uma biblioteca que era ao mesmo tempo ampla e caótica, uma mistura de tudo quanto se possa imaginar em termos de ambiente de leitura. Nesta época também se ouvia uma variedade incrível de música em casa, porque divergiam muito os gostos musicais de pai e mãe. Na escola e sobretudo a partir dos novos amigos que me foram presenteados com a mudança de bairro eu completei o caudal de diversidade dessa minha fonte de formação. Então aos 14 eu já vivia esse fervilhar de espírito que nos torna um criador. Eu podia não saber em que labirinto estava me metendo, mas certamente me sentia bem identificado com ele.

RSCL | Eu sei que seu pai gostava de jazz. Qual a música de que gostava sua mãe?

FM | Minha mãe gostava de um cancioneiro brasileiro mais sentimental, algo em torno de Sílvio Caldas e Orlando Silva. Ela tocava piano na adolescência. No entanto, em grande parte pela doença de meu irmão, ela teve uma vida muito sacrificada. Após a sua morte, eu acho que ela não conseguiu retornar de seu mundo de ausência de tudo. Coincidiu com a minha entrada na adolescência, minhas primeiras andanças por outros ares e logo em seguida ela morreu.

RSCL | Quantos anos havia de diferença entre vocês? Como ele se chamava?

FM | Seu nome era Marcos Vinicius, quatro anos mais novo do que eu. Teve problemas em decorrência do parto e perdeu por completo sua atividade motora. Isto exigiu de minha mãe dedicação integral, de modo que eu acabei sendo um pouco criado pela avó materna.

RSCL | E como foi esta criação paralela?

FM | Minha mãe representa aquele mistério maior que suponho cada um tenha em sua vida. Segundo me revela uma foto minha diante dela, em meu primeiro ano de vida, era uma mulher dotada de imensa delicadeza e transbordava alegria de viver. Eu convivi muito pouco com ela, tenho fragmentos de memória que se impõem dentro do possível. Foi uma relação interditada. Não me interessa falar em fatalidade. Esta sempre soa como um infortúnio garantido, o que é ridículo. A vida de uma pessoa está repleta de um conjunto tão variado de assonâncias e dissonâncias que é impossível prever o desdobramento até mesmo de um sorriso. Os acertos ocasionais, com ares de misticismo de quermesse, são fagulhas de uma crendice vulgar, mais do que evidências de alguma conexão entre dois pontos. De qualquer modo, eu tive uma infância repleta de incômodos inexplicáveis, todos da ordem do espaço por habitar, até hoje não sei diferir certos escassos momentos de memória se tiveram por cenário a casa de minha avó ou de meus pais. Além da curiosidade de que não tenho uma única lembrança do caminho percorrido de uma casa à outra distavam entre si umas seis quadras , se o fazia a pé ou de carro. Sequer recordo a frente dessas casas. Em uma novela que escrevi eu identifiquei na biblioteca existente na casa dos pais o portal secreto que me conduzia à casa da avó. Uma espécie de moto perpétuo de um rito de passagem. Eu ia e vinha, de um ponto a outro, ainda sem dar por conta do que viria a ser.

RSCL | Eu gostaria que me dissesse algo sobre essa ponte energética entre seu irmão e sua avó.

FM | Eu já cheguei a pensar que meu irmão sequer tenha existido. A fotografia não é uma prova da realidade. A memória menos ainda. Existir é a incógnita de uma equação cujas duas variáveis se chamam resistir e desistir. Que não caiba dúvida quanto à fatalidade do personagem que cada um de nós representa na vida, não sei. Acho que a formulação está errada, dado que sempre que não coincide com o estabelecido crucificamos o pensador e não o pensamento. Eu me sinto impregnado de meu irmão e de minha avó, porque eles de algum modo representaram o papel de pai e mãe, mesclando as impossibilidades de cada função. Já sei, é como salpicar estrelas em um céu nublado. Mas não é fácil acordar diariamente sem as suas referências mais primárias. Eu fui acordando assim, durante pelo menos a primeira década de vida, eu tive que tornar o mundo disciplinado por uma magia lúdica. A intuição talvez meu sentido de resistência foi redefinindo os parâmetros de minha relação com o mundo.

RSCL | Me deu vertigem ao incorporar as suas falas, vertigem em estar em seu lugar, em ser você…

FM | …Um arrepio na alma? (risos) Eu já tive isto várias vezes. Há um momento em que a gente se ilude, achando que domina essa volúpia, esse transbordamento. A vertigem melhora quando incorporamos mais elementos a um acervo de técnicas ou quando aprendemos a lidar com a ansiedade. Houve uma época em que eu me dizia que havia algo de estratégico em tudo isto: eu lidava com tantas coisas, atirava para tantos lados, criava tantas perspectivas de trabalho, que era impossível sentir o baque das inevitáveis respostas negativas. De algum modo deu certo, pois jamais tive crise de angústia ou identidade diante das recusas de produção e/ou promoção de minha criação.

RSCL | Mas havia uma base, um ponto em que alguma referência literária lhe desperta e então você percebe que seu caminho era o de um escritor, de um poeta.

FM | A vida é brincalhona e se esconde nesses intervalos em que não se deixa sequer entrever. Creio que muito de nossas referências descobrimos ao acaso. Recordo que ali pelos 16 anos reuni uns primeiros poemas e um amigo me levou à mesa de um decano destacado de nossa poesia. Ao ler aquelas não mais do que umas 20 páginas me falou de O guardador de rebanhos, do Alberto Caeiro. Eu fiquei caladinho, passando a impressão de ser tímido, porque jamais havia lido Fernando Pessoa. A minha infância foi marcada pela leitura de José de Alencar, Dostoievski,  Shakespeare e Milton. O poeta cearense que leu meus poemas se chama Francisco Carvalho, de quem me aproximei muito posteriormente, mas até hoje acho que ele foi não propriamente generoso, mas sim astuto, ao me indicar um caminho. Sabia que eu sairia daquele nosso encontro à procura de todos os livros de Pessoa. De qualquer modo, permaneceu uma inquietude: como posso sofrer a influência de quem jamais li? Um dia compreendi que a razão disto tem menos a ver com o ambiente limitado de quem se dedica a identificar influências do que com o fato de que a vida se encontra definida por um vultoso e diverso traço de afinidades com o que nos é visível ou invisível, não importa. Aos poucos fui aprendendo que as mínimas experiências de vida são postas na panela da criação como ingredientes que sabem ser tão indispensáveis ao prato final quanto os grãos de conhecimento, as pedras de referência, o diapasão, as hortaliças do mistério, os truques da memória.

RSCL | Mas algo o perturbava de um modo que até aqui me passa a impressão de que em seu momento você não sabia identificar.

FM | É verdade. Fui apanhado por algo maior do que eu, naquele instante, dava conta ao menos de entender. Não se trata de destino, de fatalidade. Creio que é uma espécie de disposição para o crime, de reciprocidade de sinais entre causa e efeito. De algum modo eu estava ali prontinho para ser aquele menino que não se encaixava em parte alguma de sua vida. Eu vivia aquele momento em que uma janela não significa o espaço por onde algo entra, mas sim a chance de escapar. E por vários anos eu tratei de escapar e escapar e escapar… Demorou até eu compreender que a janela poderia funcionar de outro modo. Eu me excedi em ser fugitivo de muitas coisas em minha vida.

RSCL | Eu queria retornar à sua família, os seus pontos de fuga, se assim os podemos chamar, são referidos como umas zonas incômodas que necessitavam ajuste ou simplesmente exclusão de um mapa existencial. Como você distinguia o papel que ocupavam aí o pai, a mãe, a avó, o irmão, quem mais?

FM | Naquele momento eu queria apenas ir para o mais longe possível. O único que consegui foi abafar a atuação externa de um espectro que seguiu pulsando. Os tempos se deram em uma cascata de vertigens. Havia uma religiosidade informal na família, disfarçada pela aceitação tácita do tema. Eu fui semanalmente levado a duas igrejas por minha avó. A minha memória se atém às quermesses de uma - ela quase sempre arrematava um frango assado envolto em celofane azul -, incluindo seu trágico incêndio. Então passamos à outra igreja, para mim sem muito atrativo. Recordo que ela recebeu ocasionalmente a visita de um bispo, e que tive que beijar-lhe o anel. Esta cena de algum modo redigiu em meu espírito uma bula antepapal (risos). Meu irmão vivia em seu mundo de ausência perene. Era algo indecifrável para a minha infância. Eu queria tocar-lhe e que reagisse como qualquer pessoa. Eu talvez não entendesse o que aquele silêncio completo significasse. Minha mãe era devotada a ele, era seu sacerdócio. Meu pai era uma figura ausente no ambiente doméstico, aos meus olhos, eu me lembro dele ouvindo sua música, quando surgiu a televisão nos aproximamos muito, fascinados pelo espectro em si, mas lembro bem que ele me levava ao cinema, nas manhãs de domingo eu me deliciava com filmes como os de Carlitos, mas especialmente com O gordo e o magro. Já a avó, ela era a coluna central, o pé direito, quem garantia o fiel de uma família que deu de cara com a morte do pai quando o filho mais velho tinha apenas 18 anos. Lilia - era seu nome - ficou viúva muito jovem, de um comerciante bem sucedido e muito mais velho do que ela. tinha diante de si um desafio enorme. Esta foi a minha avó-mãe.

RSCL | O que acho mais interessante em nossa conversa é que ao responder você não se limita a encerrar o assunto, pelo contrário, está sempre abrindo novas perspectivas. A sua poesia também é assim. Você cria um mundo alucinante em que se misturam sonho e vigília. As drogas alguma vez estiveram presentes em sua vida?

FM | Eu jamais tive problema moral com as drogas. Meu dilema com a maconha é que ela me deixava letárgico. Eu precisava calibrar a voltagem de meus sentidos e a maconha me deixava preguiçoso. Caso eu cheirasse cocaína, o efeito seria inverso e igualmente danoso. O álcool permitia então concentrar e equilibrar a energia necessária à criação. O poeta Enrique Molina, que também pintava, disse que uma distinção entre ambas - a poesia e a pintura - é que o pintor, ao contrário do poeta, pode pintar o dia inteiro. A energia acumulada em função da criação do poema se esvai de um jato, e nos deixa momentaneamente vazios. Eu tinha muita dificuldade em me concentrar, de modo que houve uma época em que eu necessitava de uma ajuda neste sentido, o de acumular em meu íntimo a soma dos seis sentidos, a carga total de sua apreensão do mundo.

RSCL | De qualquer modo, é muito difícil ter acesso ao frasco de sua essência. Talvez ele se esconda por trás dessas prateleiras tão múltiplas que vemos ao adentrar a sua oficina de criação. Quem, por exemplo, é a mulher que fala em você?

FM | Não chega a ser um truque, não há intencionalidade nisto. Tocaste bem a escala mais alta de meus sentidos, não a mulher, propriamente, mas o que está por trás do feminino e que nos escapa, ao homem e à mulher, de um modo desastroso. Um dia alguém me disse que não há como fugir de uma coisa na vida: sempre, em algum momento, acabamos por precisar irremediavelmente do outro. E me disse como se aí radicasse alguma tragédia. Mas esta é a maravilha da vida. A mulher que fala em mim, e não através de mim, é a voz de uma compreensão desse falseamento da essência do ser. Não se trata de uma evocação, seria uma visão simplória e marcada por certo machismo. Tampouco é uma encarnação, porque não há transferência de mirador, eu não empresto meu olhar à mulher. O que me atrai é esta confiança em uma irmanação de sentidos, uma alquimia da percepção de que o mundo não se dá em isolado senão como mercado ou usufruto religioso.A mulher que fala em mim é a única que tem acesso a esse frasco de essências, assim mesmo, no plural, sem truques, insisto. Eu não tenho interesse no criador como um intelectual. São dois planos distintos, que se encontram como um acidente geográfico. Uma vez publiquei um livro de ensaios chamado A inocência de pensar e uma resenha, após elogiar o livro, disse ser inaceitável que o pensamento fosse inocente. O mundo acadêmico está tão habituado a justificar ou contradizer um pensamento já existente que por vezes esquece o frasco de essência do mesmo. Isto nos leva a Goya e sua entranhável compreensão de que "os sonhos da razão produzem monstros".

RSCL | Às vezes eu acho que você é um pensador que, ao procurar algo para se expressar, encontrou a poesia por acidente.

FM | É uma perspectiva fascinante. Tenho por autores que sempre me inquietaram a mesma impressão, independente de serem poetas ou não. Penso em Milan Kundera, Francis Bacon, Duke Ellington, Jorge Luis Borges, Clarice Lispector, Keith Jarrett… Impossível estar com eles sem entender o quanto há de expressão, digamos, filosófica em sua criação. Ao mesmo tempo, dá-nos uma sensação de vazio o que se exibe como produto da arte contemporânea, justamente por esta ausência de um pensamento. Houve um momento talvez pior, em que essa figura do pensador era entendida como um libelo ideológico. Revestir a criação artística de um preceito ideológico ou de um roteiro de entretenimento, acaba por fazer com que o monstro criado se volte contra seu fabricante e cuspa em nós, como o faz a arte em nossos dias, as cinzas de sua angústia. O século XXI se encontra em uma espécie de sinuca de bico, ainda sem aceitar o fato de que os dilemas de sua engrenagem (não importa se na religião, na ciência, na arte) são frutos não do acaso, mas sim de desvios de jogo, ou mais claramente: são resultados da prevaricação da religião, da ciência, da arte, em relação ao mercado.

RSCL | Criação e pensamento se irmanam…

FM | Este é o ponto. Perdemos a ideia de que o criador é parte do mundo. Estou lendo a correspondência ativa do García Lorca a diversos amigos, escritores, editores, diretores de teatro, ele sempre a manifestar preocupações em relação à presença de sua arte em seu tempo. Vivemos em uma época em que a correspondência - em todos os sentidos, não apenas na troca de cartas - se converteu em algo dispensável ou então marcado por um carteado de troca de interesses. O homem então teria criado um alto padrão tecnológico de comunicação para não comunicar-se mais consigo mesmo e o outro que o definiria em essência? O que chamamos hoje de comunicação é uma imposição de valores e não uma troca de percepções do mundo. Este é o tablado em que viemos dar, onde quanto mais perto mais longe. O homem evita reconhecer-se em si mesmo. Não importa a extensão da tragédia humana. 




Renata Sodré Costa Leite é psicóloga e reside em São Paulo. Esta entrevista foi realizada através do chat do Gmail, nos primeiros dias de abril de 2015. Desenho de FM realizado por Adriel Contieri. Reproduzimos ainda capa do livro A vida inesperada, sugerindo ao leitor visitar nossa loja virtual: http://abraxasloja.blogspot.com.br/. Contato: renata_costaleite@hotmail.com.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

OLEG ALMEIDA | A maneira de estar no mundo de Floriano Martins


Conheço Floriano Martins há vários anos. Já li seus poemas e sua novela lírica Sobras de Deus; já vi alguns de seus quadros e fotos artísticas; já lancei mão daquelas riquíssimas fontes de informação e prazer estético que representa a Agulha Revista de Cultura, criada e dirigida por ele. “Mas que homem renascentista é esse?” – sempre me perguntei, ao pensar na pasmosa diversidade de seus interesses e áreas de atuação. Dia destes, convidei Floriano a gravarmos uma pequena entrevista, e, simpático e gentil como de praxe, ele aceitou o convite. Dispôs-se, apesar de muito atarefado, a conversar comigo sobre a literatura latino-americana e seu amplo e multidimensional espaço nela. [OA]

Oleg Almeida: Qualquer pessoa que conhecer seu perfil, fica admirada, igual a mim, com a envergadura de suas atividades criativas. Daí a minha pergunta inicial. Quem é Floriano Martins em primeiro lugar: estudioso de letras hispânicas e tradutor; ensaísta e crítico literário; artista plástico; performer e promotor de eventos culturais; jornalista e editor? Ou poderíamos caracterizá-lo apenas com a antológica frase de Carlos Drummond: Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?


Floriano Martins: Não resta dúvida que haverá sempre o poeta por detrás, com essa mescla de paixão e curiosidade por tudo. Posso dizer que tive dois mestres em um tipo singular de aventura alquímica, penso aqui em William Blake e Ludwig Zeller, pois em ambos gravuras (Blake) e colagens (Zeller) funcionam como extensão do poema. Tardou muito até a consciência, porém a intuição apontava na direção de que a linguagem a ser visitada, identificada, modificada, reajustada, era o poema. De igual modo, nas demais áreas – ensaio, tradução, edição, pesquisa – cada passo é dado em nome da poesia. É o apetite do poeta que devora o mundo para recriá-lo.
 
OA: Então lhe faço uma das minhas perguntas tradicionais. A que momento remonta sua decisão de ser escritor e, notadamente, poeta: à infância ou a uma idade mais madura? E essa decisão surgiu de repente, como um daqueles raios que antecipam o aguaceiro, ou levou muito tempo para se cristalizar?

FM: O instinto sempre tratou de atropelar a razão. Minha infância foi no centro de Fortaleza e o futebol era a grande pedra de toque da meninada da rua. Como eu preferia os livros da biblioteca de meu pai à bola, de algum modo ali já estava a primeira pista. No entanto, eu também jogava, embora pessimamente. E adorava tênis de mesa e natação, ao mesmo tempo em que montava com amigos uma espécie de palco improvisado para dublagens, um arremedo de teatro no quintal de casa, onde o ingresso era a cadeira, ou seja, cada um que levasse seu acento. Também era deliciosamente atraído pelo cinema e o circo – recordo cada momento que passei nessas arenas com meu pai – e a chegada da televisão foi algo inesquecível, em especial pelo Gato Félix. A síntese de tudo isto é o que me define até hoje: uma alegria de viver. Cada fragmento da existência possui um sabor relevante para mim. A essência sempre esteve nos detalhes.

OA: Você poderia citar alguns autores e obras que influenciaram sua verve artística? Afinal de contas, nós todos somos... não digo epígonos, mas, com certeza, alunos de alguém.

FM: A literatura não gosta de algo que para o mundo plástico é fundamental: a figura do copista. Hoje vejo claramente que meu livro Ruínas do silêncio (1978) é uma espécie de tentativa intuitiva de cópia de Memórias do cárcere, do Graciliano Ramos. De algum modo também fui copista de textos de Khalil Gibrán e José de Alencar. Na biblioteca de meu pai havia apenas dois livros de poesia: os sonetos de Shakespeare e o Paraíso perdido de Milton. A narrativa e os comics – a rigor, as adaptações de clássicos da literatura para a linguagem dos comics – eram a minha paixão transbordante, de modo que somente muito depois é que descobri a importância que Milton e Shakespeare (não os sonetos, mas sim as tragédias) tiveram em minha formação. Quando se conversa com um escritor, em geral se acredita que suas influências sejam literárias. Eu não saberia separar a importância que tiveram em minha vida um livro como Crime e castigo (Dostoievski) e o circo Tihany; o frenesi da imagem televisiva do Gato Félix (seu humor silencioso, sua graça sem palavras) e os romances de José de Alencar (em especial O tronco do Ipê e Til, embora recorde aqui que cheguei a copiar, em guache, a capa de O sertanejo, porque houve um momento em que me atraía copiar ou recortar figuras); as aventuras de livros como O último dos moicanos (James Fenimore Cooper) e O conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas), e as sessões matinais aos sábados no Cine Art, com meu pai, onde nos divertíamos, em especial com Stan Laurel & Oliver Hardy, e Charles Chaplin… Não me esquivo à tua pergunta, mas a verdade é que eu fui incorporando ao poema detalhes retirados de toda essa maravilha que por vezes significa a vida de alguém: uma frase de humor, a dinâmica de um desenho, um esgar, a delícia de um seio planejando escapar do vestido, o modo de descrever uma cena, o meu poema foi aos poucos montando seu teatro. As leituras fundamentam a escrita, técnica, estilo, porém a vida dá o tempero final.

OA: Qual é o papel do surrealismo em sua vida? Você se considera surrealista? Se não, a que vertente literária relacionaria seu estilo?

FM: Não, não pertenço a nenhuma vertente literária. E o Surrealismo não se limita a uma vertente literária. Declarar-se surrealista mal iniciado o século XXI pode soar anacrônico, um século que se desgasta em fascínio tecnológico. Eu não me filiei ao Surrealismo, propriamente – embora tenha integrado um grupo surrealista em São Paulo –, mas sim descobri nele uma identificação que tinha já seus traços desde minha infância. Eu creio que o Surrealismo deu um cheque-mate à própria noção de filiação, mesmo em desacordo, em alguns momentos, com as ideias de Breton. É bastante iluminador ler a série das entrevistas radiofônicas que Breton deu a André Parinaud. As duas portas essenciais do Surrealismo se chamam Sade e Lautréamont. Aos 14 anos fui visitado por uma edição portuguesa – eu não tinha a menor ideia de sua raridade e clandestinidade – de 120 dias de Sodoma. Este livro me fez somar tudo o que havia se passado comigo até então, incluindo leituras, e foi o catalisador de certa e valiosa perda da inocência. Graças a ele ganhei uma sugestiva consciência de muitos aspectos de minha vida. Até onde me lembro, mesmo já diante da obra de um Salvador Dalí, eu não tinha conhecimento do Surrealismo. A poesia surrealista veio aos poucos, em parte através de Murilo Mendes, Paul Éluard e o García Lorca de O poeta em Nova York. Leituras avulsas. Passo a me interessar pelo Surrealismo muito tempo depois, quando descubro o abismo existente na literatura brasileira em relação à América Hispânica. Um amigo me presenteou a obra completa do peruano César Vallejo, volume cuja introdução mencionava alguns poetas que me eram completamente desconhecidos. O autor desse estudo era o também peruano Américo Ferrari, a quem um dia acabei entrevistando. A minha ignorância foi a chave. Tratei de buscar livros e contatos com uma irrefreável fome. Algumas pessoas foram fundamentais neste primeiro momento: os chilenos Pedro Lastra e Ludwig Zeller, o venezuelano Eugenio Montejo, o espanhol Jorge Rodríguez Padrón, dentre outros, foram a minha generosa estação multiplicadora. Ainda não havia Internet, então a correspondência exigia uma medida de obstinação hoje impensável. Aos poucos fui compreendendo que o Surrealismo se destacava nessa costura de fios estéticos com que eu ia mapeando a banda hispânica de nosso continente. Tive a sorte de encontrar com vida a surrealistas como o chileno Enrique Gómez-Correa e o argentino Francisco Madariaga, entrevistando-os. Então o Surrealismo foi se revelando em outra dimensão – essa que Madariaga considerava mais uma boda do que uma ruptura –, de modo que o convívio com seus meandros me levou a verificar e historiar a ambiguidade com que o mesmo se deu na América. Repriso esses detalhes para que entendas que o Surrealismo não entra em minha vida como uma paixão estética, digamos, mas antes como a necessidade de investigar o silêncio de que padecia (padece ainda) na cultura brasileira.

OA: Apercebem-se, em sua novela Sobras de Deus, nítidos traços de um extenso poema em prosa, algo que me faz lembrar os belíssimos textos de Baudelaire, Turguênev, Lautréamont. Você acredita na síntese das artes, ou seja, nos gêneros híbridos dentro do processo de escrita e nos que transcendem este processo, como a poesia visual? Existe, nesse contexto, certa ligação entre as suas veias de escritor e artista plástico?

FM: Eu não entendo muito a obsessão das classificações, sempre me parece algo indicativo de uma pobreza de espírito. Isto de “poesia visual”, por exemplo. É algo essencialmente vazio de significado. A imagem poética apresentada na forma de uma metáfora é visual. A descrição de uma cena, em um simples comentário em um filme policial, pode ser tanto visual quanto poética. O mundo permanece o mesmo, representado pelo que aparenta ser e o que poderia ser. O mesmo teatro de sempre, o mesmo palco de imagens transbordantes. Resta saber como o homem – em nosso caso particular, o artista – se comporta diante de seu próprio mundo. Eu não sou artista plástico. Durante certo tempo lidei com a colagem e agora me fascina tanto a fotografia como sua utilização na mescla com o desenho na composição do que se chama de novela gráfica. Certamente que acredito na síntese das artes, embora sejam perceptíveis e atrativas as linhas de horizonte que sugerem um ambiente próprio para cada uma delas. Sobras de Deus é uma novela autobiográfica. A mescla de gêneros é natural, porque o meu poema se enriqueceu tanto com diversas leituras – aqui incluindo as crônicas policiais, o cinema épico, as fotonovelas pornográficas – que me fascina deslocar caracteres de um ambiente para outro, compondo uma partitura que seja uma espécie de fusão de notações distintas de ritmos e cores. Sobras de Deus, neste sentido, é poema, é teatro, é cinema.

OA: Sendo um reconhecido especialista em letras ibero-americanas, como você avaliaria, de modo geral, o estado presente da poesia nos países de expressão espanhola? Há quem fale, em nossa época da desumanização tecnológica, no iminente colapso do gênero. Tal previsão é correta ou não?

FM: Quanta mistura de tema! Eu não creio que poderia aqui, em uma simples resposta à tua carinhosa entrevista, abordar a diversidade das “letras ibero-americanas” – aí incluindo o Brasil. Veja bem, acabo de regressar de um encontro de poetas na Nicarágua. Ali estavam mais de 100 poetas de uns 50 países. Matemática fácil: dois poetas por país. Quase nenhuma poesia. Evidente que eventos culturais são eventos políticos montados de acordo com as possibilidades, que se definem pelas relações de sua organização com mecanismos diplomáticos. Sempre que mencionas a poesia eu penso que estás em referência ao poema. O poema tem por trás de si o poeta. O poeta, por vezes, em um mundo de expressão caótica como o nosso, sofre um golpe curioso: o de não corresponder à exigência de defesa de sua estética em outro formato que não o escrito. Temos aí um quesito: as formas de apresentação do poema. Poetas leem mal seus poemas, não sabem como se comportar em público, exageram no que chamam de atenção para si, sequer sabem como ajustar um microfone etc. Não se trata de “desumanização tecnológica” ou carência de adaptação, mas antes de uma clara falta de percepção acerca do desenho natural do mundo em que vivemos, cuja maravilha ou deformação é de nossa inteira responsabilidade. Não vamos agora pôr a culpa em Deus pelo estado de decrepitude existencial a que chegamos. Não há colapso de nada. Não tenho senão rejeição a toda leitura catastrófica da realidade. Somos medíocres porque nos tornamos medíocres. Dito isto, observo ainda que estamos em estado pleno de ignorância mútua, no que diz respeito à cultura de nossos países. Somos uns desconhecidos de nós mesmos. Cultura é reflexo de experiência de vida, ela avança de acordo com a diversidade e intensidade com que nos relacionamos com a tradição (não somente a nossa, em isolado) e suas perspectivas de reajuste – intenções, méritos, fracassos etc. A tecnologia não desumaniza o homem. Ela é parte do homem, desde a ponta de flecha, a descoberta do fogo, até os catálogos virtuais de contratação de amantes. A tecnologia é a cara do homem. É curioso observar que toda vez que o homem não consegue encarar seu reflexo diante do espelho ele culpa a tecnologia. Eu adoro uma cerveja gelada e o teclado com que me correspondo com o mundo (graças a ele respondo a esta entrevista). Não importa que recursos utilizamos, o mundo é humano. Se avança ou retroage, segue sendo humano. Suas desgraças e suas conquistas serão sempre humanas. Adolf Hitler e The Beatles não são extraterrestres.

OA: E como se insere o Brasil neste cenário da literatura continental? As tendências que se manifestam aqui são as mesmas de lá, ou o Brasil trilha um caminho particular? O intercâmbio entre as comunidades lusófona e hispano-falante vem dando frutos?


FM: O Brasil, como disse tão bem Tom Jobim, é um país para profissionais. Na semana passada eu deveria fazer uma conferência na Embaixada do Brasil na Nicarágua. Optei por uma conversa informal. Levei comigo uma poeta canadense, pois imaginei que o público carinhosamente agendado pelo adido cultural brasileiro tivesse interesse em conhecer um pouco mais de poesia. O Brasil é um grande ausente de si mesmo pela natureza comportamental de um dilema de origem mal resolvido. Eu não tenho problemas com o Brasil, mas sei identificar os dilemas que o país tem consigo mesmo. Não por seu decantado gigantismo, mas antes por um temor a afirmar-se como uma identidade cultural. É o país da festividade, dos excessos do carnaval, do futebol, do samba, porém se esquece que essas máscaras ocultam, de um lado, um sagaz oportunismo de uma casta que se especializou em dissecar o país, de outro a frouxidão de artistas e intelectuais que não se comprometem com as necessidades essenciais da cultura brasileira. Nenhum governo tem agendado até o momento uma pauta de discussão dos dilemas existenciais de um país em busca de sua fundação como nação. Meu trabalho de aproximação entre as culturas hispano-americanas e brasileiras tem sido mais percebido nos países hispano-americanos. O Brasil, de algum modo, não faz a menor questão de contar com um Floriano Martins. São 14 anos de dedicação à publicação da Agulha Revista de Cultura. Somos mais do que pioneiros – em um país em que a manchete é tudo –, somos a consistência de um diálogo aberto entre culturas. Até onde entendo, esta deveria ser a função prioritária do Ministério da Cultura. Mas onde está o MinC que até hoje sequer enviou um e-mail de agradecimento por uma das quase 100 edições da Agulha Revista de Cultura. Ah lá fora! Sim, a tua pergunta. Viajo sempre, traduzo, organizo edições, há um carinho imenso. Respiremos. Esteticamente o ambiente possui sua delicadeza de percepção. O Brasil tem optado por uma constante recaída em um plano parnasiano, nossa poética é marcada pelo excesso formalista e, em especial, por certa alienação entre o poeta e sua vida. Na América Hispânica há um pouco de tudo, até porque se expôs a mais experiências estéticas do que o Brasil. Aqui ainda somos viciados na figura do herói, a todo instante buscamos um referencial, o que é sinal de que não temos ainda uma cultura consciente de si mesma. Puro caipirismo. Daí o reflexo na política, no futebol, na mídia etc., de um país sempre obcecado pela invenção de um herói – não importa que se chame Neymar ou Joaquim Barbosa.
 
OA: Sabe-se que não é fácil publicar obras líricas, já que, na opinião quase unânime das editoras comerciais, “a poesia não vende”, e o próprio autor nem sempre está em condições de bancar a publicação de seu livro. O que você acha do “custo-benefício” do trabalho poético?

FM: As razões do mercado não são nunca as razões da boa leitura. As razões do ego sequer se aproximam das razões da poesia. Porém mercado e ego juntos são uma dimensão nova para a prevaricação entre como um autor se mostra e como ele é recebido por seu público. Ao contrário do que me dizes, é cada vez mais fácil publicar. Há libretos em excesso. Poesia em carência. Não creio que a ideia do vendável tenha se modificado muito no que diz respeito à poesia. Assim que não entendo nunca de que eventual falha de mercado os poetas reclamem. A poesia jamais foi uma peça de mercado. A tua pergunta sugere uma discussão profissional especificamente no que diz respeito às leis de mercado. Ou seja, se escrevo, publico e não vendo, ops, o que diabos ainda estou fazendo aqui? A arte intrinsecamente é uma contradição social? Ela existe em função de apontar desajustes em um ambiente social? Quando Lautréamont disse que a poesia deveria ser feita por todos, pensava em uma sociedade em que a fluência do humano estivesse em ritmo tão bom que todos seríamos artistas? Em uma sociedade como a brasileira, já respondemos sinceramente a alguma dessas questões?

OA: Finalizando a entrevista, gostaria de lhe fazer outra pergunta habitual. O que é a poesia para você: modo de viver ou compulsão psicológica, estado de espírito ou passatempo favorito, ocupação intermitente ou necessidade imperiosa? 

FM: A ideia do “passatempo favorito” me indigna, porque sei que tem sido assim para a tradição lírica oficial brasileira. Eu não me preocupo por definir minhas atitudes. Sei a que elas correspondem, uma identidade de espírito, minha maneira de estar no mundo. É seguir viagem. Abraxas.


Floriano Martins (Fortaleza, 1957). Poeta, editor, ensaísta e tradutor. Criou em 1999 a Agulha Revista de Cultura, revista de circulação pela Internet. Coordenou (2005-2010) a coleção “Ponte Velha” de autores portugueses da Escrituras Editora (São Paulo). Atualmente coordena a coleção “O Começo da Busca” das Edições Nephelibata (Santa Catarina). Organizou algumas mostras especiais dedicadas à literatura brasileira para revistas em países hispano-americanos: “Narradores y poetas de Brasil” (Blanco Móvil, México, 1998), “La poesía brasileña bajo el espejo de la contemporaneidad” (Alforja, México, 2001) e “Poesía brasileña” (Poesía, Venezuela, 2006). Também organizou a mostra “Poesia peruana no século XX” (Poesia Sempre, Brasil, 2008), ao mesmo tempo em que foi corresponsável pelas edições especiais “Poetas y narradores portugueses” (Blanco Móvil, México, 2003), “Surrealismo” (Atalaia Intermundos, Lisboa, 2003) e “Poetas y prosadores venezolanos” (Blanco Móvil, México, 2006). Esteve presente em festivais de poesia realizados em países como Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Panamá, Portugal e Venezuela. Trabalha ainda com fotografia, colagem e design, tendo realizado exposições e capas de livros. Curador da Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008) e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009) e do Concurso Nacional de Poesia (Venezuela, 2010). Professor convidado da Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos, 2010). Tradutor de livros de Federico García Lorca, Guillermo Cabrera Infante, Alfonso Peña, Juan Calzadilla, Eduardo Langagne e Pablo Antonio Cuadra. Autor de livros como Tres estudios para un amor loco (poesia, México, 2006), Duas mentiras (poesia, Brasil, 2008), Teatro imposible (poesia, Venezuela, 2008), Sobras de Deus (narrativa, Brasil, 2008), A inocência de Pensar (ensaio, Brasil, 2009), Fuego en las cartas (poesia, Espanha, 2009), Autobiografia de um truque (prosa poética, Brasil, 2010), Delante del fuego (poesía, México, 2010), e Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica (2 tomos, entrevistas, Venezuela, 2010).

Oleg Almeida (Bielorrússia, 1971): poeta e tradutor, sócio da União Brasileira de Escritores (UBE/São Paulo), colaborador das mídias impressas e eletrônicas. Autor dos livros de poesia Memórias dum hiperbóreo (2008) e Quarta-feira de Cinzas e outros poemas (2011) e de numerosas traduções do russo (Diário do subsolo e O jogador de Fiódor Dostoiévski; Pequenas tragédias de Alexandr Púchkin; Canções alexandrinas de Mikhail Kuzmin) e do francês (Pequenos poemas em prosa de Charles Baudelaire; Os cantos de Bilítis de Pierre Louÿs). Mais informações: www.olegalmeida.com.

terça-feira, 24 de março de 2015

COLEÇÃO DE AREIA | ARC Edições

I. Escenas tomadas de un teatro imposible, de Floriano MartinsII. Puerta lateral, de Jorge Rodríguez PadrónIII. El alcohol de los estados intermedios, de Gladys MendíaIV. Autorretrato, de Floriano MartinsV. Lienzo sobre óleo, de Jorge Tamargo
VI. Eros en... canto, de Bella Clara VenturaVII. Intuiciones y obsesiones, de Susana WaldVIII. Los trazos de Pandora, de Martín Palacio GamboaIX. Antología personal y otros poemas, de Gary DaherX. Ceniza por cascada hembra, de Milagro Haack
XI. El libro del padre, de Cristino CortesXII. O livro invisível de William Burroughs, de Floriano MartinsXIII. Antes que a árvore se feche, de Floriano MartinsXIV. Vlía, de Freddy Gatón Arce

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Novo endereço | Rua Poeta Sidney Neto 143 Água Fria 60811-480 Fortaleza CE Brasil
floriano.agulha@gmail.com | arcflorianomartins@gmail.com





sexta-feira, 6 de março de 2015

A OUTRA VOZ DO TEMPO | Cronologia de vida e obra


FLORIANO MARTINS


1957
Nasce em 30 de junho, em Fortaleza, Ceará. Filho de Floriano José Martins Benevides e Maria Consuelo Feijó Benevides, recebe o nome de Floriano Benevides Júnior.

1970
Morte do único irmão, Marcos Vinicius, aos 9 anos de idade. Dessa época relembra, em entrevista a Wanderson Lima, a caótica biblioteca do pai, onde iniciou-se leitor: “Recordo a bagunça que era a biblioteca de meu pai, com livros e revistas e jornais de toda ordem. De poesia, por exemplo, havia apenas o volume dos sonetos de Shakespeare e um exemplar do Paraíso perdido de Milton. Do ponto de vista literário, fui criado entre romances e gibis, inclusive as inúmeras adaptações de clássicos da literatura mundial para o formato fotonovela, bastante comum na época.” (dEsEnrEdoS # 8, Teresina/PI, janeiro de 2011).

1971
Escreve uns primeiros contos e ao assiná-los muda o nome para Floriano Martins, em homenagem a seu pai.

1975
Decide não frequentar mais a escola. Convívio intenso com gente ligada, principalmente, à música e ao teatro.

1976
Em edição fora de mercado, edita seu primeiro livro de poemas, Composição, juntamente com o artista plástico Alano de Freitas (Edição do Autor, Fortaleza). Vive um romance tempestuoso que o leva para o interior da Bahia, em um acidentado convívio com centros espíritas e terreiros de Umbanda.

1978
Retorna a Fortaleza. Morte de sua mãe, aos 51 anos de idade. Casa-se em maio com Socorro Nunes. Publica Ruínas de silêncio (poemas), com fotografias de Paulo Aécio (Edição do Autor, Fortaleza). O livro foi escrito sob o impacto da leitura da autobiografia Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos.

1979
Surge o número único da revista Siriará, de um grupo homônimo do qual participou e que teve a singularidade de reunir escritores de várias gerações e tendências na literatura cearense. Publica Nenhuma correnteza inaugura minha sede, com desenhos de Itamar do Mar (Edição da Universidade Federal de São Carlos, São Paulo).

1980
Trabalha como desenhista na Imprensa Oficial do Ceará, por um período de 10 meses.

1981
Morte de seu pai, aos 51 anos de idade. Poucos dias depois nasce sua filha, Flora. Publica Di versos em versos, com ilustrações de Caú (Edições Lauro Maciel Jr., Fortaleza). Ingressa, através de concurso público, no BNH – Banco Nacional da Habitação.

1982
Publica O amor pelas palavras, com xilogravura de Norberto Onofrio em sua capa (Editora Trote, Rio de Janeiro).

1983
Passa a residir em São Paulo. Traduz o livro Altazor, do chileno Vicente Huidobro, em parceria com o poeta Francisco Carvalho, como exercício de maior aproximação da língua espanhola.

1985
Agosto – Nasce seu segundo filho, André.

1986
Retorna a Fortaleza. Com a extinção do BNH, é transferido para a CEF – Caixa Econômica Federal.
Abril – Tem início sua participação no SLMG – Suplemento Literário Minas Gerais, sob a direção de Paschoal Mota, em Belo Horizonte. Ali publica traduções de ensaios, prosa e poesia de autores como Ernesto Sábado, Georges Bataille, William Blake, Pier Paolo Pasolini, Octavio Paz, Hans Arp, Vicente Huidobro, Álvaro Mutis, dentre muitos outros, assim como entrevistas a poetas hispano-americanos e brasileiros.

1987
Novembro – Publica As contradições terríveis, plaqueta mesclando poemas e colagens (Edições Lauro Maciel Jr., Fortaleza). Ao resenhá-la para o jornal Tribuna do Ceará, observa José Alcides Pinto que a poesia de FM “possui, sem dúvida, esse ritmo mágico, que se adivinha através das linhas de composição, como a pauta musical, com tamanha leveza de forma e montagem dos poemas”, logo concluindo que “a poesia de Floriano Martins apresenta uma nova estética da arte, na forma e montagem do poema, com o aproveitamento das vanguardas, diga-se, em tempo, um acréscimo – contribuição valiosa, expressiva, do que existe de mais novo: sintaxe e sintagma, signo e símbolo se integram para a invenção maior de sua poemática.” (suplemento Literarte, Fortaleza, 20/02/1988).
Dezembro – Tem início sua participação como tradutor no suplemento Prosa*Verso, sob a coordenação de José Emílio-Nelson, do jornal Comércio do Porto, em Portugal. Ali publica traduções de importantes poetas hispano-americanos (Roberto Juarroz, Vicente Huidobro, César Vallejo, Rosamel del Valle, Alfredo Silva Estrada, Severo Sarduy, Enrique Molina, José Emílio Pacheco, Pablo Antonio Cuadra, Oliverio Girondo, Octavio Paz, Eugenio Montejo, dentre muitos outros).

1988
Agosto – Cria o jornal Resto do mundo, dedicado à tradução de ensaio e poesia de vários outros idiomas. Até março de 1990 saem 4 números, incluindo textos de autores como Carlos Germán Belli, Antonin Artaud, René Char, José Lezama Lima, Javier Sologuren, Gottfried Benn, Gonzalo Rojas, Xrístos Láskaris, dentre muitos outros. Em depoimento a Alfonso Peña, Martins esclarece: “No início dos 80, começo a descobrir a América Hispânica, um mundo inteiramente novo para mim”, relatando que “O jornal Resto do mundo surge da necessidade de fundar um espaço especificamente dedicado à difusão de literaturas desconhecidas no Brasil. O dilema foi o mesmo de sempre, pelo qual já passamos todos nós, editores em qualquer lugar do mundo. Não havia suporte financeiro para dar continuidade à aventura editorial. Meus primeiros contatos com o Surrealismo na América Latina coincidem com este período. Claro que antes conhecia as residências nerudianas, porém falo aqui de uma outra dimensão do Surrealismo, mais profunda (do ponto de vista da linguagem e também do caráter da escrita e de seu autor) e que possui um tônus distinto do Surrealismo europeu. Na época eu me correspondia com estudiosos como os espanhóis Jorge Rodríguez Padrón e Ángel Pariente, e também com o romeno Stefan Baciu. Foram anos de uma correspondência muito intensa, sobretudo com Rodríguez Padrón. Registrei tudo isto na forma de entrevistas.” (Entrevista constante do livro Conversas, de Alfonso Peña. San José, Costa Rica, 2014).

1990
22/05 – Nota de imprensa, não assinada, a respeito do jornal Resto do mundo, observa ser surpreendente “a novidade de suas páginas e, sobretudo, a enorme capacidade de recepção das produções atuais que, desse modo, mantêm o leitor perfeitamente informado e, por isto, totalmente partícipe do que ocorre atualmente no mundo. Esse é o signo desta revista: a modernidade; embora tampouco abandone, e certamente por isso mesmo, aquilo que Octavio Paz, sempre tão lúcido, denominou a ‘tradição da vanguarda’, como, por exemplo, o melhor da herança surrealista.” (Página Libre, Lima, Peru, 22/05).

1991
Agosto – Publica Cinzas do sol, pelo selo Mundo Manual Edições (Nova Friburgo/RJ). Em entrevista realizada por Luiz Alberto Machado em 2010, FM assinala: “Cinzas do Sol está pautado por um acidente, ou pelo acaso objetivo. O personagem central do livro corresponde à minha avó materna. Encontrava-se prostrada à cama, muito doente, claramente à espera da morte. Diante dela, pensando na intensa vitalidade com que conduziu seus dias, por muito pouco resisti à vontade de matá-la. Saí dali e não voltei mais a vê-la. Ao chegar em casa, abri aleatoriamente as páginas de Le coupable, do Georges Bataille, e salta diante de mim a frase: ‘A vida é um efeito de instabilidade, de desequilíbrio’, logo seguida de um não menos revelador ‘Mas é a fixidez das formas o que a torna possível’. A partir de então, eu deixo de ser apenas um observador e passo a descobrir-me também como personagem de minha escrita.” (O guia de poesia, 02.07.2010).
Dezembro – Publica Sábias areias, pelo selo Mundo Manual Edições (Nova Friburgo/RJ). Ao resenhá-lo para o jornal O Escritor, observa José Alcides Pinto que este livro é um escândalo, “no sentido de experiência-limite, em sua vazante de verticalidades e suntuosos extremos no tratamento com a linguagem. Recorre a uma forma clássica e às imagens mais subterrâneas (íntimas tão somente dos verdadeiros iniciados) de uma mística já perdida no tempo, para ‘narrar’ – há um sutil elemento narrativo que percorre todo o livro, que o torna por inteiro um único poema, em seus 33 sonetos brancos, ‘sonetos de areia’, como bem salienta o autor – um mágico cenário de circunstâncias e tensas vozes em que se dá um diálogo entre o homem e sua mãe perdida (‘mãe infundada’, ‘mãe perdendo seus filhos’, ‘mãe de todas as noites’, ‘mãe serena dos relâmpagos’), imagens se desdobrando vorazmente” (São Paulo, abril de 1992).

1992
Integra um grupo surrealista sediado em São Paulo.
Julho – Colagens suas participam da mostra “Surrealismo”, realizada no NAC – Núcleo de Arte Contemporânea, em São Paulo.
Setembro – Assina o prólogo de Aluvião rei, de Sérgio Lima (& etc Edições, Lisboa, Portugal). Neste mesmo mês aparece a edição de El corazón del infinito (Tres poetas brasileños) (Cuadernos de Calandrajas, Toledo). O libreto reúne entrevistas a Sérgio Lima, José Santiago Naud e Sérgio Campos. A tradução espanhola esteve a cargo do diretor da revista Calandrajas, Jesús Cobo. Logo na apresentação, observa Martins: “à Margem de um fluxo experimental (concretismo, processos, práxis) que, em torno dos anos 60, tomaria de assalto as veias pouco abertas (no que pese os esforços de certa linha modernista) da poesia brasileira, tomava corpo, como é comum a todos os tempos e lugares, a obra de autores aos quais importava menos a rigidez acadêmica das escolas literárias do que o movimento em si da poesia, sua dinâmica incessante. Não duvido em afirmar que em tais atitudes isoladas (…) radica a expressão maior de nossa poesia, desde os inícios do modernismo em 1922.” (“Diálogos incessantes da poesia”).

1993
08/05 a 18/07 – Colagens suas integram a mostra “América Latina e o Surrealismo”, sob a curadoria geral de Heribert Becker, realizada no Museu Bochum, Colonia, Alemanha.

1994
Publica Tumultúmulos pelo selo Mundo Manual Edições (Nova Friburgo/RJ). A Dedalus Book publica The myth of the world – Surrealism 2, antologia reunindo nomes como André Breton, Robert Desnos, Antonin Artaud, Jacques Prévert, Magloire Saint-Aude, Eugenio Granell, Ghérasim Luca, em um total de 47 poetas em todo mundo. A edição inclui a íntegra de Cinzas do sol, em tradução de Margaret Jull Costa (Londres, Inglaterra, com distribuição na Austrália, Canadá e Nova Zelândia).

1995
18/03 – O suplemento Sábado, jornal O Povo, em Fortaleza, sob a direção de Lira Neto, publica a edição especial “Mundo mágico” (inteiramente dedicada à poesia na América Hispânica, com ensaios, traduções e entrevistas de Floriano Martins).
17/06 – O suplemento Sábado, jornal O Povo, em Fortaleza, sob a direção de Lira Neto, publica a edição especial “Barrados no baile” (inteiramente dedicada à poesia brasileira, com ensaios e entrevistas de Floriano Martins).

1996
Decide demitir-se do emprego público, passando a dedicar-se a atividades culturais (produção, tradução, curadoria etc.).
09/05 a 02/06 – Colagens suas integram a mostra “A imagem da revelação”, sob a curadoria geral de Sérgio Lima, realizada no Espaço Expositivo Maria Antonia, em São Paulo, como parte da programação da “Homenagem ao centenário de André Breton”.
13/05 – participa da mesa-redonda “A linguagem plástica do surrealismo”, realizada no Espaço Expositivo Maria Antonia, em São Paulo, como parte da programação da “Homenagem ao centenário de André Breton”.

1997
Afasta-se do grupo surrealista. Sobre o tema, comenta em entrevista a Consuelo Tomás: “Como havia nitidamente uma distorção em relação à leitura do Surrealismo no Brasil, me vinculei a um grupo surrealista, a partir daí chamando a atenção para os laços de nossa cultura com o Surrealismo. Sigo firme nisto, mas lembro que minha poesia não corresponde unicamente àquele universo estético geralmente associado ao Surrealismo.” (Suplemento Talingo, La Prensa, Panamá, maio de 2000).
Setembro – Leitura de poemas no Centro Cultural São Paulo, ocasião em que distribui o libreto Alma em chamas (36 páginas, em formato CD) gratuitamente no local (Edições Resto do Mundo).

1998
20/05 – Lançamento de Escritura conquistada (Diálogos com poetas latino-americanos), na livraria Livros & Letras, em Fortaleza. Em nota de redação do jornal O Estado de S. Paulo, destaca-se que o volume “reúne entrevistas do autor com os principais expoentes da poesia da América Latina contemporânea e propõe, por meio do diálogo, a aproximação entre esses dois territórios que, absurdamente, não se reconhecem. O livro encoraja o intercâmbio de culturas e é fruto do trabalho de mais de uma década do poeta, tradutor e crítico literário Floriano Martins” (suplemento Especial Livros Domingo, São Paulo, 05/07). Em nota de redação da revista Común Presencia, destaca-se que “as lúcidas perguntas que o autor formula nos conduzem pelas mais diligentes preocupações referentes à criação e alcançam um intercâmbio eficaz entre os autores e as línguas, assim encontrando uma eficaz irradiação do poético” (Bogotá, Colômbia, outubro de 1998). Ao resenhá-lo para o jornal O Povo, Claudio Willer observa que FM é “um entrevistador com estilo próprio” e que “sua intenção é, sempre, mostrar a singularidade de cada autor através de sua própria voz”, concluindo que “desse procedimento resultam textos que são quase ensaios em parceria, a quatro mãos, densos e instigantes, além de informativos; e que apresentam uma perfeita continuidade com os poemas publicados na sequência de cada uma das entrevistas” (suplemente Vida & Arte, Fortaleza, 13/08). Ao resenhá-lo para a revista Paréntesis, Miguel Gomes observa: “A aparente heterogeneidade deste livro, mais do que lhe ser contrária, constitui uma de suas qualidades. Graças a ela, a produção lírica do continente adquire a consistência de um múltiplo rumor, um encontro animado de vozes cuja energia surge da dissensão e dos inesgotáveis caminhos que esta abre. ‘Livro de todos nós’, ‘palco crepitante onde a América Latina pratica o fervor de sua palavra poética’, ‘diálogo de poetas que tecem um encantamento de fios soltos’: curiosamente, frases como essas, que Martins emprega na introdução do volume, podem ser retomadas para valorar com justiça o resultado de seus esforços.” (México, dezembro de 1999).
08/07 – Lançamento de Escritura conquistada (Diálogos com poetas latino-americanos), no Campus Avançado de Pau dos Ferros, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Agosto – A Fundação Memorial da América Latina, através de sua coleção “Memo”, de ensaio e ficção, publica Escrituras surrealistas (São Paulo).
05/08 – Lançamento de Poemas de amor, de Federico García Lorca, tradução e prefácio de Floriano Martins, na livraria Livros & Letras, em Fortaleza. Pela mesma Ediouro (Rio de Janeiro), neste ano também é publicada a tradução de FM do livro Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Com a morte do escritor cubano, o jornal português Diário de Notícias inclui em seu obituário um depoimento de Martins que diz: “Trata-se de um volume de contos que também pode ser tido como uma trama romanesca, uma vez que os personagens saltam de um conto para outro, com suas obsessões e a mesma exuberância com que Cabrera sempre tratou a linguagem. E o ponto em questão, ambíguo sempre, mescla enigma e fracasso. São componentes estimulantes que requerem do tradutor uma identificação com esse mundo abissal que habita o romancista cubano. Neste sentido, Guillermo Cabrera Infante (1929-2005) possui um estilo desafiador, em que o próprio ambiente linguístico (Caribe) contribui para este mergulho em um mosaico fascinante e revelador, com sua variedade infinita de modulações. Traduzi-lo, portanto, engrandece-nos inevitavelmente.” (DN, Lisboa, Portugal, 23/02/2005).
17/08 – Lançamento de Escritura conquistada (Diálogos com poetas latino-americanos), no Parlamundi, em Brasília.
11/11 – Lançamento de Alma em chamas, na livraria Livros & Letras, em Fortaleza. Ao resenhá-lo para o jornal O Povo, Claudio Willer observa que “essa ‘mescla de devaneio e exatidão’, nas palavras do autor, é opaca pela espessura; sombria pela seriedade; enfática, reiterativa, pela gravidade do que diz; complexa por ser, entre outras coisas, poesia sobre poesia, espelhando a erudição do autor. O conjunto de dezenas de trechos, alternadamente versificados e em prosa, dividido em sete partes, é, na verdade, um só poema. A família literária à qual pertence é a dos autores, no século XX, de poemas extensos, que procuraram restaurar a épica e recuperar um cosmos, uma totalidade.” (suplemento Vida & Arte, Fortaleza, 11/11). A este respeito também escreve o chileno Rolando Toro, ao dizer que o livro “põe em relevo as dimensões caóticas e míticas da existência. Seus poemas são uma permanente ‘criação atual’ no sentido de Alfredo Auersperg; afundam no tumulto, na complexidade, no caos criador. Seu projeto poético é subversivo, alheio aos valores convencionais, ao formalismo e à ‘poesia concreta’. Floriano Martins entra com determinação nas trevas da alma, sem eludir o êxtase de viver ou a devoção pelo sagrado.” (Diario de Los Andes, Trujillo, Venezuela, 24/09/2000).

1999
23/03 – Profere palestra sobre revistas literárias na América Latina no seminário “Produção de Revistas”, na livraria Livros & Letras, em Fortaleza.
Junho – A Fundação Memorial da América Latina, através de sua coleção “Memo”, de ensaio e ficção, publica Dois poetas cubanos, ensaios de Jorge Rodríguez Padrón traduzidos por FM (São Paulo).
11/08 – Leitura dinâmica de O livro invisível de William Burroughs, colagem de textos de Floriano Martins e William Burroughs, com a participação de Claudio Willer, Paschoal da Conceição e Graça Berman, como parte da programação do ciclo de palestras e leituras dramáticas “Os limites da literatura: autores rebeldes, excêntricos, marginais, malditos”, no auditório da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo.
15/09 – Lançamento do número único de Xilo – Revista de Cultura e Mídia, dirigida por Floriano Martins e Adriano Espínola, na livraria Ao Livro Técnico, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza.
Outubro – Passa a assinar uma crônica mensal na série “Arte pela arte” do Jornal da Tarde (São Paulo, 1999-2001).
Dezembro – Cria a Agulha Revista de Cultura. Entrevista a Afonso Machado traz o seguinte depoimento de FM: “Agulha surge em dezembro de 1999. A partir de agosto do ano seguinte assume comigo a direção o Claudio Willer. Naquela ocasião publicamos uma edição especial, com a nova estrutura da revista, reunindo o que de melhor havíamos publicado até então. Este passa a ser o novo número inaugural da revista. Na ocasião, o editorial observava o seguinte: ‘Em um país onde cresce com profusão a navegação na Internet, sendo patente o desdobrado índice de investimento de capital estrangeiro em tal atividade, Agulha preocupa-se quando menos em conciliar meio e mensagem. É sua clara intenção veicular um tratamento de matérias que não incorra no desgaste abusivo, banal e recorrente que hoje define genericamente o que se convencionou chamar de jornalismo cultural.’”. (Rio de Janeiro, 07/2008).

2000
Março – A Fundação Memorial da América Latina, através de sua coleção “Memo”, de ensaio e ficção, publica Três entradas para Porto Rico, ensaios de José Luis Vega, com organização, tradução e prefácio de FM (São Paulo).
10/05 – Profere a conferência “Modernismo na literatura hispano-americana e o surrealismo na América Latina”, na Universidad de Panamá, Ciudad Panamá, Panamá.
18/05 – Lançamento de Alberto Nepomuceno – Em nome da ousadia, biografia do compositor, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza. FM não está presente, em função de temporada que passa na América Central. Ao resenhá-lo para o jornal O Estado de S. Paulo, João Luiz Sampaio observa que “Martins ressalta ser necessária uma distinção entre o que era considerado nacionalismo para Nepomuceno e o significado adquirido pelo termo após a Semana de Arte Moderna. ‘O modernismo propõe um nacionalismo regionalizante, folclorizante, enquanto para Nepomuceno era importante somar as experiências internas e externas em prol de uma identidade cultural brasileira.’ Para que houvesse esse diálogo, no entanto, era preciso que o Brasil fundasse suas próprias vozes poéticas, deixando de ser eco daquilo que se passava na Europa, busca que marcou o trabalho de Alberto Nepomuceno.” (Caderno 2/Cultura, São Paulo, 26/11).
20/05 – Lançamento de A nona geração, de Alfonso Peña (traduzido, prefaciado e editado no Brasil por Floriano Martins), na Galeria Andrómeda, em San José, Costa Rica. Nota de imprensa, assinada por Fabio Agrana, destaca que “o poeta brasileiro Floriano Martins se queixou do excesso de formalismo na poesia de seu país e afirmou que se sente como um ‘bicho estranho’ por ser um dos poucos no Brasil que combinam teatro, barroco e surrealismo em seus poemas. Ensaísta e tradutor, Martins, de 44 anos, aproveitou o encontro que manteve com poetas panamenhos no final de semana passado para falar de sua poesia, seus projetos e as correntes literárias que predominam em seu país. FM se encontra no Panamá realizando um giro de um mês e esta semana se muda por alguns dias para Costa Rica, onde deve apresentar um livro de contos do autor costarriquense Alfonso Peña.” (Tragaluz, Panamá, 21/05).
23/05 – Lançamento de Alma em chamas, incluindo leitura de poemas, realizado no Instituto Tecnológico de Costa Rica, em Florencia de San Carlos, Costa Rica.
25/05 – Profere a conferência “A modernidade da poesia hispano-americana”, no Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil, em San José, Costa Rica.
27/05 – Apresentação do espetáculo “Altares do caos” (poesia, música e dança), realizado no Museu de Arte Contemporânea, em Ciudad Panamá, Panamá. Concepção, textos e direção de Floriano Martins. Direção musical de Domingo Muñóz. Participação do grupo de dança moderna dirigido por Vielka Chú.
25/07 – Lançamento de A nona geração, de Alfonso Peña (incluindo uma exposição do artista Eduardo Eloy, que assina capa e ilustrações internas da edição), na Galeria Ignez Fiúza, em Fortaleza.
Integra o grupo de artistas que cria o INGRAV – Instituto da Gravura do Ceará.

2001
A revista Caras encarta em uma de suas edições um libreto intitulado A melhor poesia do mundo (poetas estrangeiros), incluindo poemas de García Lorca, Shakespeare, Baudelaire, Petrarca e Fernando Pessoa. FM assina a tradução dos poemas de Lorca. A coleção “Poetas de Orpheu”, da Maneco Livraria & Editora, publica Extravio de noites (Caxias do Sul/RS).
Janeiro – Cria a Banda Hispânica, primeiro banco de dados na Internet dedicado exclusivamente à poesia de língua espanhola.
28/07 – Convidado do Fórum Internacional 2001, da Academia Guanajuatense de Arte y Cultura, realizado em Guanajuato, México.
17 a 19/08 – Convidado do Colóquio Internacional “O surrealismo: atualidade e subversão”, realizado na Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, em Araraquara, São Paulo.
Setembro – Ediciones Andrómeda publicam Cenizas del sol – poemas y esculturas, de Floriano Martins e Edgar Zúñiga, em tradução de Benjamin Valdivia e Saul Ibargoyen (espanhol) e Margaret Jull Costa (inglês) (edição trilíngue, San José, Costa Lima).
Dezembro – A Escrituras Editora publica O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina, em sua coleção Ensaios Transversais. O livro mescla estudo sobre o surrealismo e antologia poética, reunindo autores de vários países do continente. Ao resenhá-lo para o Estado de Minas, observa Maria Esther Maciel que o livro “não vem apenas mapear vozes importantes do surrealismo latino-americano ou reconstituir, por uma via alternativa, parte da história da poesia moderna brasileira que a historiografia literária oficial esqueceu, desprezou ou rasurou, mas também convidar o leitor a exercitar, em meio ao ‘horizonte dos utensílios’, que define o nosso tempo, os poderes revitalizantes da imaginação” (Belo Horizonte, 13/04/2002). Coincide com a poeta brasileira o espanhol J. M. Pérez Corrales, ao resenhar este livro no jornal El Día, quando diz tratar-se de “uma antologia fundamental, que afronta com seriedade o controvertido tema da atividade surrealista sul-americana e que será a partir de agora um ponto de referência inevitável (embora não nos reste dúvida de que o academicismo universitário o ignorará por todo o tempo que possa)” (suplemento Archipiélago Literario, Tenerife, Ilhas Canárias, 09/07/2002).

2002
Juntamente com Maria Estela Guedes, organiza um número especial da revista Atalaia Intermundos, dedicado ao surrealismo. Universidade de Lisboa, Portugal.
03/05 – Lançamento de Alforja – Revista de Poesía # 19, edição especial dedicada à poesia brasileira organizada por Floriano Martins, na Casa del Risco, San Ángel, Ciudad de México. Ao comentar a edição para o jornal El Universal, Rodrigo Flores observa: “O editor, ensaísta e poeta Floriano Martins, que reuniu este material abundante, tanto em extensão como em riqueza artística, apontou que a revista mostra um ‘exercício de honestidade intelectual’ e que a soma de vozes que oferece não representa os gostos do antologista. Em entrevista para o jornal El Universal, Martins, que dirige duas revistas de literatura no Brasil, disse que o que mais levou em conta ao reunir as vozes que aparecem neste número de Alforja é que a antologia não fosse apenas uma mostra de versos, ‘mas sim que tivesse também a visão crítica desses poetas que são também ensaístas ou editores’. Para a elaboração da antologia, foram consideradas tanto a poesia ‘permitida’, aquela que se divulga nos meios de comunicação, quanto a que pertence ao ‘rio subterrâneo’, ao qual são afins muitos poetas marginais: ‘Abrir espaços é o que faço com as duas revistas que dirijo. Não para buscar concordância. Abrir espaços para sua discussão.’ Martins disse que desta maneira se configurou uma ‘visão aberta e ampla’ da produção poética do Brasil atual.” (suplemento Cultura, México, 04/05).

2003
Aventura-se por quase dois anos em viagens contínuas a Portugal, percorrendo várias regiões do país.
11/11 – Profere conferência na Academia Brasileira de Letras sob o tema “O Surrealismo no Brasil”, como parte do ciclo Vanguardas e Pós-Modernismo. No ano seguinte a ABL reúne todas as conferências em um volume duplo intitulado Escolas literárias no Brasil (Coleção Austregésilo de Athayde, Rio de Janeiro, 2004).

2004
Ediciones B (Santiago, Chile) publicam El bacalao – Diatribas antinerudianas y otros textos, em compilação de Leonardo Sanhueza, volume crítico sobre Pablo Neruda reunindo textos de vários autores, dentre eles Vicente Huidobro, Juan Ramón Jiménez, Octavio Paz, Guillermo Cabrera Infante e Enrique Lihn. A edição inclui um ensaio de FM.
Março – A Editora Gótica (Lisboa, Portugal) publica Nós/Nudos – 25 poemas sobre 25 obras de Paula Rego, de Ana Marques Gastão, em tradução para o espanhol de FM.
11 a 28/03 – Convidado do 1º Festival Mundial de Poesia, organizado pelo Conselho Nacional da Cultura, em Caracas, Venezuela.
Outubro – Convidado da 4ª Feira do Livro no Zócalo, sob o tema “A cidade um livro aberto”, realizada na Cidade do México, México.

2005
Março – Com a publicação dos livros Homenagem à realidade, de Cruzeiro Seixas e A idade da escrita e outros poemas, de Ana Hatherly – ambos organizados e prefaciados por FM –, passa a assinar a coordenação editorial da coleção “Ponte Velha”, da Escrituras Editora, exclusivamente dedicada à publicação no Brasil de autores de língua portuguesa dos demais países dessa comunidade linguística. Em entrevista a Edson Cruz, aclara: “A Ponte Velha surge em 2003, com a publicação de livros da Ana Marques Gastão e do António Osório. Nestes dois primeiros títulos ainda nem aparece o nome da coleção. No ano seguinte eu viajo para Portugal, ali conheço a Ana Marques Gastão e também a Rosa Alice Branco. É a Rosa Alice quem facilita os contatos com Nuno Júdice e Pedro Tamem, que são os dois autores seguintes da coleção, ao lado dela própria (livro este que traz prefácio meu), quando então já aparece pela primeira vez o nome Ponte Velha. Já neste mesmo ano eu assumo, na prática, a coordenação da coleção, embora ainda apareçam os nomes de António Osório e Carlos Nejar como coordenadores (somente em 2007 é que ambos são devidamente situados pela editora como criadores da coleção e não coordenadores).” (Blog da Escrituras Editora, 06/08/2009).
09/03 a 09/04 – Assina a curadoria da exposição “Cidades”, retrospectiva da obra plástica de Hélio Rôla, realizada no Memorial da Cultura Cearense, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza.
10/03 – A Embaixada da Venezuela no Brasil rende homenagem ao livro Escritura Conquistada (1998) em noite intitulada “Tributo a Poesía Iberoamerica”, incluindo leitura de poemas (Brasília).
Outubro – Convidado da XII Semana Internacional da Poesia, em Caracas, Venezuela.
18 a 24/10 – Convidado do ChilePoesía – Festival Mundial de Poesia, em Santiago, Chile.
Novembro – A editora Letras Contemporâneas (Florianópolis/SC) publica A condição urbana, antologia bilingue da poesia do venezuelano Juan Calzadilla organizada e traduzida por Floriano Martins.

2006
Julho – Alforja Arte y Literatura (México) publica Tres estudios para un amor loco, em tradução de Marta Spagnuolo. No prefácio, José Ángel Leyva observa que “o jogo fosforescente, luminoso de seus versos provoca efeitos múltiplos no espectador-leitor. Com habilidade de saltimbanco ou domador obriga as imagens a realizar acrobacias conceituais e emotivas. Dota-as de sensualidade, sujeita-as à gravidade dos corpos para evitar que se desvaneçam no ar, na incontinência ou no automatismo verbal. O autor faz jogos, malabarismos em espelhos simbólicos onde se adverte a tradição – da vanguarda –, seus significados.”
Huerga & Hierro Editores (Madri, Espanha) publicam Antología de poesía brasileña, organizada por Floriano Martins e José Geraldo Neres, com capa e mostra gráfica de Hélio Rola.
11/07 – Apresentação de “Teatro impossível” (mostra múltipla de poemas, canções, fotografias, colagens e vídeos), no Centro Cultural Banco de Nordeste, em Fortaleza. Matéria do jornal O povo do mesmo dia traz o seguinte comentário de Floriano Martins: “A mostra reflete uma condição mestiça, de vivência e defesa estética. É esta minha inquietude por abraçar muitas linguagens, e provocar o limite máximo de suas impossibilidades”. (Caderno Vida & Arte, Fortaleza/CE).
Setembro – O Taller Editorial El Pez Soluble (Caracas, Venezuela) publica, em edição bilíngüe, La noche impresa en tu piel, em tradução de Marta Spagnuolo.
16 a 24/09 – Coordena os painéis do Fórum de Integração Sul-Americana da LiterAmérica – Feira Sul-Americana do Livro, Governo do Mato Grosso, em Cuiabá. Em entrevista concedida a Lorenzo Falcão, observa: “Insisto em preferir falar em diálogo e não em integração. Os ganhos em tal relação se verificam dos dois lados e é importante ter sensibilidade para livrar-se do sentimento danoso de arrogância que sempre adotamos em relação aos vizinhos. A contribuição maior que se pode dar reside justamente na escolha dos convidados, buscando nomes que não se sustentem apenas no prestígio – cujo prestígio seja uma decorrência do trabalho – e que disponham de condições de articular desdobramentos, porque nada se resolverá através unicamente do Fórum ou de qualquer outra ação isolada. Não há uma mágica possível para fomentar esse diálogo de maneira substanciosa e duradoura. Ter na LiterAmérica poetas e narradores que desempenham alguma função crítica, jornalística e editorial, por exemplo, é já um parâmetro inicial para se propor uma consequência do diálogo, inventariando planos de produção e difusão da produção cultural em toda a América do Sul. Evidente que todo evento requer as suas figuras circenses, as vedetes com seu ego cintilante, porém me parece que se deva apostar a menor quantidade possível de fichas em tal artifício. Convidar editores e adidos culturais, por exemplo, para verificar perspectivas de convênios editoriais, é outro aspecto a requerer definição.” (Overmundo, Cuiabá, Mato Grosso, 19/03).
27 a 29/09 – Convidado do I Colóquio de Estudos Literários Contemporâneos, do Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife.
02 a 06/10 – Convidado do V Festival Internacional de Poesia de El Salvador, realizado pela Fundação de Poetas de El Salvador, em San Salvador.
02 a 11/11 – Convidado do III Congresso de Poesia Canária “La Laguna en Poesía”, em Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha.

2007
Ediciones Andrómeda (San José, Costa Rica) publicam Poemas para leer en voz alta, antologia de Claudio Willer organizada e prefaciada por Floriano Martins, em tradução de Eva Schnell. O Projeto Dulcineia Catadora (São Paulo) publica Duas mentiras (poesia). No prefácio, Claudio Willer observa que este livro “transmite a impressão de que seu autor se esconde, ao adotar uma persona feminina. E mais, de que resolveu promover uma inflexão, mudança radical, se compararmos este livro com sua produção anterior – por exemplo, Alma em Chamas, seu livro de 1998 – que poderia ser perfilada ao barroco, ou, antes, a um surrealismo metafísico, além de ser associada a algumas das grandes construções de fragmentos que, na modernidade, ocuparam o lugar da epopeia. Aqui, não: o que temos é linguagem quase sempre direta, fluente, de poucas imagens. No lugar da sugestão promovida pela imagética de origem simbolista, há descrições, um percurso minucioso pelas regiões, desvãos e reentrâncias do corpo, por gradações e nuances do erótico. Tudo muito real, nada mentiroso. Poderia ser um depoimento, se o autor fosse aquele – aquela, no caso – que fala. Mas não é. Resta saber se esta é a voz de outro (de outra) ou se sua própria voz é a voz do outro.”
Convidado do 1º Festival Internacional de Poesia e da X Feira Internacional do Livro da República Dominicana, em Santo Domingo. Uma nota de imprensa, assinada por Alfonso Quiñones, informa que “Floriano Martins presenteou a todos com três poemas interessantes que conseguiram empatia com o público graças à leitura em espanhol realizada por uma poeta mexicana. Eram poemas bem brasileiros, que falavam de orgasmos e outras belezas.” (DiarioLibre, 01/05). A poeta mexicana a que o jornalista se refere é María Baranda, que acompanharia Martins em outras leituras em sua estadia na capital dominicana. Nesta mesma época, o poeta organizou, a pedido da Fundação Biblioteca Ayacucho, da Venezuela, um volume dedicado à poesia de Carlos Drummond de Andrade, primeiro título da importante coleção projetado como edição bilíngue, e que jamais foi publicado por divergências entre a editora venezuelana e os herdeiros do poeta brasileiro. O extenso estudo introdutório deste volume foi inserido no livro A inocência de pensar, que Martins publicaria em 2009.
A Fundación Editorial el Perro y la Rana (Caracas, Venezuela) publica Teatro imposible, com tradução de Marta Spagnuolo. Em entrevista a Álvaro Alves de Faria, Martins afirma haver optado por “recuperar poemas de alguns de meus livros, ao lado daqueles publicados apenas em periódicos e a eles acrescentar novos escritos, dando ao conjunto identidade e estrutura próprias. Teatro Imposible é o resultado de uma leitura da minha poética situada em um ambiente mais dramático, dentro de uma vertente teatral que busco cada vez mais intensamente.” (Jornal Rascunho, Curitiba, 03/2007).
04/09 – Profere a conferência “Surrealismo no Brasil” no Centro Universitário Fundação Santo André (São Paulo), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
27 a 30/09 – Convidado da FLIPORTO, Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas, em Pernambuco. Para esta ocasião prepara (organização, tradução e apresentação), com Lucila Nogueira, o livro Mundo mágico: Colômbia – Poesia colombiana no século XX, antologia que reúne as 40 vozes mais expressivas da lírica colombiana (Edições Bagaço, Recife/PE).
27 a 29/11 – Assina a curadoria do “I Encontro de Agentes Culturais Latino-americanos” (reunião de trabalho com agentes do Brasil, Colômbia, Chile, Cuba, México, Peru, República Dominicana e Venezuela), no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Nota de imprensa assinada pela redação do Diário do Nordeste, resume que: “segundo Floriano Martins, o objetivo do encontro é trocar experiências que possam servir de base para uma política do livro e da leitura que não esteja voltada apenas para o lado comercial. ‘Com isto, não estamos deixando o mercado de lado. Mas a ideia é que deixemos de ser comandados pelo mercado editorial e sejamos guiados pela cultura’, explicou.” (Caderno 3, Fortaleza, 27/11).

2008
O projeto Baluerna/Cuadernos del viajero (Cáceres, Espanha) publica Los párpados ardientes del último relámpago, em tradução de Antonio Sáez Delgado.
08/04 – Profere a conferência “Poemas digitais”, acompanhada de projeção de imagens de sua obra plástica, no MuBE – Museu Brasileiro da Escultura (São Paulo).
10/04 – Recebe o Prêmio Antonio Bento 2007, da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, pela direção da Agulha Revista de Cultura, solenidade realizada em São Paulo.
11/04 – Show musical de lançamento do disco Brincos do mar e o infinito (em parceria com Mário Montaut) e do livro Duas mentiras (2007), no espaço Vila Teodoro, em São Paulo. Sobre o disco, nota não-assinada no Diário do Nordeste observa: “A poesia de Floriano está embebida pela musicalidade de Montaut. Uma convivência que permite alguns parceiros extras entre referências universais, judaicas, flamencas e pops mesclando-se em um itinerário rumo a um infinito lírico não-piegas e surrealista, que não abre mão do erotismo e de referências iconoclastas.” (Caderno 3, 25/03/2008).
Maio – Convidado do 5º Festival Mundial de Poesia – Casa Nacional de las Letras Andrés Bello (Caracas, Venezuela). As Edições Nephelibata (Desterro/SC) publicam a novela Sobras de Deus. Em texto que se manteve inédito, Iosito Aguiar observa que “apesar de lidar com loucura, poetas e impossibilidades vitais, o estilo rico, mas seco e objetivo do autor, evidencia uma ausência, a ausência da música que, ressaltamos, parece-nos intencional. A maestria na manipulação imagética, leva-o a prescindir da intenção melopaica. Sua dicção nos conduz a uma “prosa de câmara”, acentuando com sua linguagem certo mal-estar linguístico, presente em Kafka, Artaud e Beckett, como expressão de um mundo em ruínas onde todos os valores humanos foram ou estão sendo aniquilados, pois: ‘Dar pela falta dos tecidos imutáveis de que é feito cada vida, leva o mesmo e imprevisível tempo que fiá-la’”.
Lançamento de Un nuevo continente – Antología del surrealismo en la poesía de nuestra América (Monte Ávila, 2007), em Caracas, Venezuela.
Setembro – Convidado do II Festival Internacional de Escritores “Literatura en el Bravo” (Ciudad Juarez, México).
12 a 21/11 – Assina a curadoria geral da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, sob o tema “A aventura cultural da mestiçagem”, evento realizado no Centro de Convenções, em Fortaleza. Em nota de imprensa assinada pela redação, o escritor Gary Daher destaca que o curador “é o primeiro nome que nos chega ao pensar nas atividades literárias de todo o Brasil. Sua atuação o há transformado no procurador cultural por excelência, colocando-se seu nome entre os principais gestores culturais do mundo latino-americano.” (El Día, Bolívia, 30/11).

2009
A Global Editora inclui FM no volume dedicado aos anos 70 em sua coleção de antologias geracionais intitulada Roteiro da poesia brasileira (15 volumes). Este volume vem organizado por Afonso Henriques Neto que, acerca da poesia de Martins, observa que o poeta “retoma o contato com a tradição surrealista, operando uma total abertura da imaginação poética com extrema vitalidade”.
Fevereiro – Convidado do V Festival Internacional de Poesia de Granada (Nicarágua). O projeto jornalístico virtual Via Política (www.viapolitica.com.br/principal.php), dá início à seção “Sala de retratos”, série de artigos e ensaios de FM que funcionam como perfis de figuras fundamentais às artes e à cultura em vários países.
02 a 11/02 – Integra o quadro de jurados do Prêmio Casa das Américas, realizado em Cienfuegos e Havana (Cuba).
Março – A Secretaria de Estado da Cultura da República Dominicana publica a antologia Máscaras de Orfeo – Poesía brasileña y dominicana, organizada e prefaciada por Floriano Martins e Basílio Belliard (Santo Domingo).
20/04 a 03/05 – Convidado da XII Feira Internacional do Livro da República Dominicana, que teve o Brasil como país convidado de honra (Santo Domingo).
Maio – A Escrituras Editora publica A inocência de pensar. Ao resenhar o livro para o jornal Folha de S. Paulo, Reynaldo Damazio observa que neste livro “o poeta Floriano Martins reúne ensaios, resenhas e entrevistas que marcam seu esforço militante em defesa de uma arte encantatória, inspirada, oriunda da experiência surrealista. Literatura, cultura e artes plásticas são discutidas com a preocupação de revelar um viés diverso do acadêmico, como na abordagem do poeta José Santiago Naud, na entrevista com o historiador Sânzio de Azevedo, ou na lembrança do cronista Milton Dias. Mesmo nos artigos dedicados a poetas consagrados, como Manuel Bandeira, Carlos Drummond e João Cabral – ainda que apoiados em bibliografia igualmente consagrada –, o autor tenta revelar um aspecto menos destacado. A defesa do surrealismo, ainda que às vezes menos explícita, percorre os textos sobre a arte de Max Ernst, Amadeo Modigliani e Hans Arp, ou sobre a literatura de Ghérasim Luca, Michel Roure e Robert Graves.
Num trecho de Graves reproduzido no livro talvez esteja a chave para entender a visão poética de Martins: ‘a função da poesia é a invocação religiosa da musa; sua utilidade é a mescla de exaltação e de horror que a sua presença suscita’. Difícil, no entanto, é crer na inocência do pensamento, ainda que ironicamente.” (São Paulo, novembro). Em entrevista a Edson Cruz, o próprio Martins fala sobre o livro: “O título é uma bela luz que me foi dada pela leitura da correspondência entre Guimarães Rosa e Curt Meyer-Clason. A inocência referida relaciona-se com a alma limpa de vícios e lugares-comuns. Os temas abordados no livro o são sem conflito canônico, sem interferência dogmática. Uma leitura despojada de artifícios acadêmicos e que naturalmente se relaciona com essa condição renascentista tão bem lembrada por Jacob Klintowitz no prefácio. Os ensaios surgiram em momentos distintos, como componentes de uma visão de mundo que segue se renovando”. (Blog da Escrituras Editora, 06/08/2009).
A Apenas Livros (Lisboa, Portugal) publica A alma desfeita em corpo, em sua coleção “Naturarte”.
02 a 23/07 – Fotografias suas integram a I Mostra Internacional de Poesia Visual e Experimental (Caracas, Venezuela), realizada na Escola de Artes Plásticas Armando Reverón.
16/07 – Poemas seus são lidos por Joana Ruas no evento “Noites com poemas”, realizado na Biblioteca Municipal de Cascais (Portugal).
28/08 a 05/09 – Convidado do Festival Internacional da Cultura (Tunja, Colômbia), onde apresenta o espetáculo “Poemas digitais”, que mescla poesia, fotografia, vídeo e música, com a participação especial de Carolina Calvo-Pérez.
09 a 17/10 – Convidado do Foro Ibero-americano sobre Bibliodiversidade e do III Salão do Livro Ibero-americano de Huelva (Espanha). Nesta ocasião é feito o lançamento do livro Fuego en las cartas, edição bilíngue em tradução da mexicana Blanca Luz Pulido (Colección Palabra Ibérica, Punta Úmbria), em que Martins lê poemas do livro ao lado da poeta mexicana Marianne Toussaint Ochoa. O livro, contudo, não havia ficado pronto, sendo reapresentado na edição do ano seguinte do mesmo evento.
01 a 04/12 – Assina, juntamente com Norberto Codina, a curadoria do evento “Fundação Casa das Américas – 50 anos de cultura e revolução”, realizado em Fortaleza, na Casa José de Alencar.
09/12 – O jornal O Povo informa seu afastamento da curadoria da Bienal Internacional do Livro do Ceará, cuja segunda edição sob seus cuidados estava prevista para 2010, reproduzindo parcialmente e-mail recebido pela redação, onde afirma: “Sempre foi meu entendimento o de que um evento como este, não apenas, mas, sobretudo, considerando o fato de que é possível graças à utilização de recursos públicos, deva ampliar as fontes de conhecimento da população e não restringir-se a um universo viciado de ofertas culturais”.

2010
Janeiro – Cria o Projeto Editorial Banda Lusófona, banco de dados na Internet dedicado exclusivamente à poesia de língua portuguesa. Converte a Banda Hispânica (01/2001) em Projeto Editorial Banda Hispânica, criando ali uma nova revista, Agulha Hispânica, em substituição ao projeto anterior da Agulha Revista de Cultura. Entrevista feita por Wanderson Lima traz comentário de Martins sobre os projetos citados: “A rigor, a alteração se deu em função de uma necessidade de criar uma publicação essencialmente direcionada para a cultura de língua espanhola. Crescemos muito na Agulha Revista de Cultura. De repente, comecei a perceber que eu estava me afastando um pouco de meu projeto original de intercâmbio e difusão da cultura de língua espanhola em relação ao Brasil. Foi então uma decisão estratégica aguardar que a Agulha Revista de Cultura concluísse da forma mais perfeita possível um ciclo, com seus 70 números publicados ao longo de 10 anos. […]. Pude então organizar os dois projetos, hoje intitulados Projeto Editorial Banda Hispânica e Projeto Editorial Banda Lusófona, inserindo no primeiro deles a edição de uma nova revista, a Agulha Hispânica. Juntamente com ela, criamos a Coleção de Areia, projeto editorial de livros virtuais. Encerramos o primeiro ano de atividade dessa nova fase com a publicação de seis números da revista e dez títulos da coleção.” (dEsEnrEdoS # 8, Teresina/PI, janeiro de 2011). Retoma a edição da Agulha Revista de Cultura, desta vez tendo como editor assistente o poeta e tradutor Márcio Simões, veiculando matérias em vários idiomas. Cria o selo ARC Edições, concentrando nele todos os projetos virtuais.
Janeiro a março – Professor convidado no seminário “Correntes de vanguarda na América Latina”, da Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos).
02/03 – Apresentação do vídeo A efígie suspeita (poesia, fotografia, vídeo e música), no Taft Research Center, Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos).
Maio – Convidado do 7º Festival Mundial de Poesia – Casa Nacional de las Letras Andrés Bello, em Caracas, Venezuela. Lançamento de Escritura conquistada – Conversaciones con poetas de Latinoamérica, edição ampliada, 2 volumes, publicada pela Fundación Editorial El Perro y La Rana (Caracas, Venezuela). Ao comentar este livro, Manuel Iris observa que “não deixa de ser interessante que seja um poeta de língua portuguesa quem se lance a esta nada modesta empresa. Conhecedor profundo da poesia latino-americana, Floriano Martins transita de uma região a outra da língua espanhola na América, sendo sempre um convidado com o privilégio de quem vê as coisas de fora: a perspectiva. Em seu país, Brasil, também incluído no livro que agora trato – inclusão que é em si mesma uma chamada de atenção para aqueles que ao falar de literatura latino-americana se esquecem de nosso vizinho lusófono – sua posição histórica e pessoal é distinta, pois essa é a tradição em que nasceu e se desenvolve. Sua voz ali situada é uma voz que, embora afastada no exercício de interlocutor, fala desde dentro, dando ao diálogo igual interesse, porém de outro modo.”
Setembro – A TV Ceará realiza com Floriano Martins uma das edições de seu programa Crônicas do Ceará.
09 a 17/10 – Convidado do 2º Foro Ibero-americano sobre Bibliodiversidade e do IV Salão do Livro Ibero-americano de Huelva (Espanha).
Outubro – Organiza, juntamente com seu diretor, Eduardo Mosches, a edição comemorativa dos 25 anos de existência da revista Blanco Móvil, da qual sempre foi efetivo colaborador (“Perguntas sobre literatura e vida”. Blanco Móvil # 115-116, México).

21/10 – Lançamento da coleção “O começo da Busca”, que coordena para as Edições Nephelibata (Florianópolis/SC). Segundo a editora, a coleção “procura evidenciar autores e títulos de literatura de línguas espanhola e portuguesa, dos raros aos jovens autores, criando no Brasil uma não usual fissura de perspectiva editorial”. Os livros são em edição artesanal e com tiragem limitada. Os primeiros títulos publicados foram: O portão dourado (contos de Jacob Klintowitz), O caracol privado (prosa poética de Aldo Pellegrini) e Autobiografia de um truque (prosa poética de Floriano Martins).
Novembro – Afasta-se da coordenação editorial da coleção “Ponte Velha”, da Escrituras Editora. O poeta, ensaísta e tradutor mexicano Benjamin Veldivia publica o volume Delante del fuego, em que reúne suas traduções de poemas de FM (Guanajuato, México)

2011
Durante o período em que esteve à frente da curadoria da Bienal Internacional do Livro do Ceará, Floriano Martins deixou preparada a edição de alguns livros que seriam posteriormente publicados pela Secretaria da Cultura do Ceará: a recuperação de textos sobre a formação do Ceará, do indigenista Thomaz Pompeu Sobrinho; a obra completa do brasileiro Américo Facó; a tradução de um volume crítico sobre a mestiçagem na América Hispânica, do nicaraguense Pablo Antonio Cuadra (tradução em parceria com Petra Ramos Guarinon); e a tradução de uma antologia de poesia mexicana organizada por Eduardo Langagne.
Julho – Tem início em páginas duplas dominicais, no caderno “DC Ilustrado”, dirigido por Lorenzo Falcão, do Diário de Cuiabá, a série “Invenção do Brasil”, que totaliza 50 entrevistas feitas por FM a brasileiros de diversas áreas culturais.
Novembro – viaja ao México e encontra-se com a editora Maria Luisa Passarge, de La Cabra Ediciones, com quem esboça alguns projetos editoriais, que incluem a preparação de antologias de poetas da Bolívia, dos Estados Unidos (parceria com Thomas Rain Crowe) e da Alemanha (parceria com Viviane de Santana Paulo). Da capital mexicana segue para Oaxaca, sendo hóspede do casal Ludwig Zeller e Susana Wald. Ali começa a preparação – através de entrevistas e fotografias de seu acervo – de um livro sobre a pintura de Susana Wald.

2012
Viaja à Austrália para acompanhar o nascimento de seu segundo neto, Levi. Dois anos antes havia ali nascido Maya, e entre eles Elise, esta última em Fortaleza. Em período de quase dois meses que passa em Sidney, escreve um livro a quatro mãos com o poeta Manuel Iris, mexicano residente nos Estados Unidos. Duas outras descobertas na criação compartilhada se dão inicialmente com a brasileira Viviane de Santana Paulo, e em seguida com a dominicana Farah Hallal. FM também viria a escrever poemas a quatro mãos com a boliviana Vilma Tapia Anaya e os brasileiros Beatriz Bajo e Contador Borges.
Com a criação do selo editorial Sol Negro Edições (Natal, RN) surgem três novos livros de FM, O livro invisível de William Burroughs (teatro), Abismanto (poesia, parceria com Viviane de Santana Paulo) e Vicente Huidobro & Hans Arp. III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes (organização, prólogo, tradução).
25 de junho a 17 de agosto – “Na mão de Adão cabem todos os sonhos”, primeira exposição individual de fotografias de Martins, no Espaço Cultural Citibank (São Paulo), sob a curadoria do crítico Jacob Klintowitz. No catálogo da mostra, afirma o curador: “Floriano Martins não é exatamente um fotógrafo, mas um inventor de imagens fotográficas. A máquina, o computador e o laboratório, são seus instrumentos, da mesma maneira que o pincel e o pigmento são instrumentos do pintor. Ele constrói minuciosos cenários, planeja todos os detalhes das cenas ao ar livre e, simultaneamente, se deixa conduzir pelo improviso, pelo que a paisagem, os modelos humanos e a sua imaginação, sugerem. É deste cadinho, que ferve substâncias variadas, que emergem estas encantadoras cenas. Ao mesmo tempo em que parecem infinitas em suas possibilidades de automodificação, estas fotografias têm uma inquietante estabilidade. Estas estranhas cenas e a sua inesperada beleza, vieram para ficar.” Em galeria virtual criada por Martins (http://agulhafloriano.wix.com/florianomartins#!), observa o crítico de arte Carlos M. Luis: “As fotos eróticas de Floriano Martins constituem, neste sentido, a expressão de uma arte que os alquimistas praticaram mediante suas permutações. Em seu caso a carnalidade das imagens nos brindam a chave de uma ars combinatória em vias de se transformar em ars amatoria, onde as zonas erógenas se mantêm em contato voluptuoso, ao mesmo tempo em que parecem sussurrar versos retirados da grande tradição da poesia amorosa de todos os tempos.”
Maio a julho – três fotografias suas integram uma coletiva do Museu Itinerante Ultragaz, sob a curadoria de Jacob Klintowitz. Composta por 40 obras de 12 renomados artistas brasileiros e que percorreu várias cidades brasileiras.
Setembro – Tem início em páginas duplas dominicais, no caderno “DC Ilustrado”, dirigido por Lorenzo Falcão, do Diário de Cuiabá, a série “Invenção da América”, com entrevistas realizadas por FM a escritores, músicos, pintores, ensaístas de todo o continente americano. No mesmo período integra o conselho editorial da revista InComunidade (Portugal), passando a colaborar assiduamente com a mesma no envio de matérias suas e de inúmeros outros autores.

2013
Janeiro – A Agulha Revista de Cultura ressurge, em sua fase II, desta feita com a presença de Márcio Simões como editor adjunto. A Sol Negro Edições publica Sobre surrealismo, ensaios do argentino Aldo Pellegrini, com organização, tradução e prefácio de FM
Fevereiro – Convidado do IX Festival Internacional de Poesia de Granada (Nicarágua).
Junho – Lançamento em São Paulo de Lembrança de homens que não existiam, série de poemas seus e desenhos de Valdir Rocha, primeiro livro impresso publicado pela ARC Edições, que até então vinha publicando apenas títulos virtuais.
As Edições Nephelibata (Santa Catarina) publicam o volume duplo Memória de Borges, organizado, traduzido e prefaciado por FM, que reúne algumas das principais entrevistas dadas pelo argentino no período de 1964 a 1985.
Outubro – Convidado do programa "O que é poesia", da Casa das Rosas, curadoria e mediação de Edson Cruz, onde fala sobre poesia, fotografia, vídeo e música (São Paulo, 26/10).


2014
ARC Edições inicia o ano com a publicação de dois novos títulos de FM: Em silêncio e Overnight medley, ambos escritos a quatro mãos, o primeiro em parceria com a brasileira Viviane de Santana Paulo e o segundo com o mexicano Manuel Iris, sendo este uma edição trilíngue, com traduções ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). A Pantemporâneo (São Paulo) publica O sol e as sombras, nova experiência conjunta entre Floriano Martins e Valdir Rocha, agora reunindo poemas e gravuras em metal. Como destaca o artista em uma das orelhas do livro, "Os presentes poemas de Floriano, comparados com outros de sua obra, são, ao meu sentir, mais narrativos, soltos e espontâneos".
Fevereiro – Convidado do X Encontro Iberoamericano de Poesia "Carlos Pellicer" (Villahermosa, Tabasco, México).
A Sol Negro Edições publica Bronze no fundo do rio, edição bilíngue de poemas do venezuelano Miguel Márquez, com tradução e mostra de 31 fotografias em cores de FM.
Setembro – Convidado do 4º Salão do Livro de Guarulhos (São Paulo). Na mesma semana grava o vídeo Abismo minucioso, experiência de criação automática, proposto por Valdir Rocha e dirigido por Pipol (http://youtu.be/fzN1DOEmg8w, TV Cronópios).


2015
ARC Edições dá início à migração de todo o acervo editorial da Agulha Revista de Cultura para novo endereço: http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com.br/, projeto paralelo ao da criação de um banco de dados com toda a obra de FM: http://abraxasflorianomartins.blogspot.com.br/.